J.R. Borghetti

O festival Lupaluna, que será promovido em abril pela Rede Paranaense de Comunicação (RPC) e a produtora DCSet, em Piraquara (veja o mapa, os ingressos e as atrações), na região metropolitana de Curitiba, despertou interesse da Organização das Nações Unidas (ONU) antes mesmo de estrear. A idéia é aliar o evento, que une música e natureza, ao interesse de conscientizar todos os usuários dos recursos hídricos sobre a importância da água para o planeta. A intenção da ONU é trazer o terceiro ano de discussões do Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março, para Curitiba em 2009, agregando o Lupaluna ao evento. “Um dos motivos do festival é o gancho com a conscientização ecológica”, afirma o vice-presidente da RPC, Mariano Lemanski. “O objetivo é criar um fórum de discussão que termine com o festival.”
Mas a parceria não termina aí. Existe uma grande possibilidade de a capital paranaense se tornar a cidade-sede das celebrações do Dia Mundial da Água a partir de 2009. “Há uma disputa de diversos estados, que querem ser sede oficial, mas Curitiba passa a ser uma candidata especial, por sempre trabalhar muito em cima da questão ecológica”, diz José Roberto Borghetti, consultor nacional da ONU para Agricultura e Alimentação. Segundo Borghetti, a intenção é despertar o interesse global para as discussões. “O pensamento é provocar um impacto mundial e quem sabe até trazer o secretário-geral da ONU (o coreano Ban Ki-moon) para o Brasil.”
Reunião entre os produtores do Lupaluna, ontem em Curitiba: interesse pelo viés ecológico do evento
A proposta formal foi elaborada na segunda-feira (24/3) para ser apresentada ao prefeito Beto Richa nesta terça-feira, que deve assinar uma carta de intenções em apoio à iniciativa. “É com muita satisfação que recebemos essa notícia tão importante para Curitiba”, garante o secretário municipal de Turismo, Luiz de Carvalho. “Com certeza a prefeitura vai apoiar, como sempre apoiou as discussões sobre as questões ambientais e naturais.”
O Lupaluna
A primeira edição do Lupaluna ocorrerá nos dias 12 e 13 de abril deste ano, em um espaço localizado em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba. O município também está nos planos de parceria da ONU, além da prefeitura de Curitiba e da RPC. “Piraquara é a caixa d’água da região metropolitana”, considera Borghetti. O prefeito Gabriel Samaha, o Gabão, afirma que, além das fortes características ambientais, Piraquara é um município estratégico do ponto de vista do abastecimento de água, porém ainda não conseguiu criar um mecanismo de rentabilidade. “Este é um grande momento de reflexão para que possamos construir uma nova consciência”, diz Gabão.
Este ano, a segunda edição do Dia Mundial da Água ocorre no próximo dia 28, em Manaus, capital do estado do Amazonas, sob o tema “Água e Saneamento no Brasil”. Na abertura do evento, o diretor-geral da Itaipu Binacional, Jorge Samek, apresentará uma síntese das ações desenvolvidas no Dia Mundial da Água de 2007, celebrado oficialmente em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná. Em seguida, será realizada uma mesa redonda sobre o saneamento ambiental brasileiro e o papel dos governos.
Consumo
A superfície da Terra está coberta por 70,7% de água e 12% da quantidade disponível no planeta está no Brasil. A maior parte, 70%, está concentrada no Norte do país. “Isso é um problema seríssimo para o Nordeste”, afirma Borghetti. “E no Sudeste e Sul, a indústria absorve muita água. Então, o que existe é uma má distribuição de água no Brasil e esse tipo de coisa tem de ser trabalhada.”
Conforme o consultor nacional da ONU, o segmento da agricultura é o que mais consome a água do planeta atualmente: 70%. A indústria consome 20% e a população apenas 10%. “Então precisamos conscientizar todos os segmentos de usuários da água”, complementa.