VOLTAR PARA A PAGINA
AGROINDÚSTRIA
Uma Visão Sistêmica do Setor
Produtivo no Brasil e no Paraná
Bruno Boszczows k i
Anna Karina Boszczows k i
José Rober to Borghetti
Anna Karina Boszczowski
José Roberto Borghetti
Bruno Boszczowski
Agroindústria
Uma Visão Sistêmica do Setor
Produtivo no Brasil e no Paraná
Curitiba-PR
2004
Boszczowski, Anna Karina
Agroindústria: Uma visão sistêmica do complexo produtivo
brasileiro e paranaense / ANNA KARINA BOSZCZOWSKI, JOSÉ
ROBERTO BORGHETTI, BRUNO BOSZCZOWSKI- Curitiba-
Paraná. 2004
60 p.
1. Agronegócio 2. Agroindústria-Paraná
Agroindústria
Uma Visão Sistêmica do Setor
Produtivo no Brasil e no Paraná
Agradecimentos
N ossos sinceros agradecimentos pelo apoio
institucional ao Governo do Estado do Paraná, em especial a
Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Assuntos do
Mercosul. Aos dirigentes da FIEP, Rodrigo da Rocha Loures,
presidente, Arthur Carlos Peralta Neto, vice-presidente e
Superintendente Coorporativo, Carlos Sérgio Asinelli, Diretor
Regional do Senai-PR, Henrique R.Santos, Coordenador do
Centro Internacional de Negócios. Ao presidente da FACIAP,
Jefferson Nogarolli, além da colaboração das diversas
instituições do agronegócio do Estado, OCEPAR, FAEP,
FECOMÉRCIO, SEBRAE, SINDICARNE, AVIPAR, ABITRIGO,
CONAB-PR ,entre outras.
Sumário
1. Introdução 11
2. Conceito do Agronegócio 13
3. Visão Sistêmica do Agronegócio Brasileiro 15
4. Definição de Agroindústria 25
5. Dimensionamento da Agroindústria Brasileira 31
6. Aspectos do Agronegócio Paranaense 43
7. Setor Agroindustrial Paranaense 49
8. Principais Complexos
Produtivos Agroindustriais 55
8.1 Complexo Soja 56
8.2 Complexo Madeira 60
8.3 Complexo Carnes 63
8.4 Complexo Sucro-Alcooleiro 68
8.5 Complexo Café 72
Agroindústria
Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no Brasil e no Paraná
11
1. Introdução
E sta publicação tem como objetivo demonstrar o
status atual e o potencial da agroindústria paranaense no
desenvolvimento econômico do Estado com foco na sua
inserção no comércio global.
Inicialmente será discutido o conceito de
agronegócio e informações que evidenciam sua importância
e retratam um panorama nacional. Será discutido, ainda, o
papel que a agroindústria representa no contexto estadual e
nacional, além de sua definição, dimensionamento e de
como as condições para seu desenvolvimento estão
mudando em virtude das políticas internacionais, dos
regimes de evolução tecnológica e de mudanças nos
hábitos
de consumo.
A agroindústria paranaense é analisada com foco na
internacionalização de suas atividades, em particular
através do comércio internacional e do papel desempenhado
por empresas do setor.
Finalmente procuramos discutir alguns elementos
que podem conduzir a uma política da desenvolvimento
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B.
sustentável, a capacidade de ação estratégica, a
necessidade
de investimentos em inovação de processo e de produto,
marketing e recursos humanos que venham a promover
melhorias para a competitividade do setor e também
considerando ações relacionadas ao meio ambiente.
12
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná 13
2. Conceito do Agronegócio
A pesar de recente no Brasil, o termo agronegócio
aparece pela primeira vez, publicado em 1957, por John Davis
e Ray Goldberg da Universidade de Harvard que o
formalizaram como sendo:
"A soma total das operações de produção
e distribuição de suprimentos agrícolas, das
operações de produção nas unidades
agrícolas, do armazenamento,
processamento, distribuição dos produtos
agrícolas e itens produzidos a partir deles."
Apenas na década de 80 no Brasil, começava a ganhar
importância a chamada visão sistêmica englobando os setores
denominados de "antes da porteira", que são os fornecedores
de insumos (máquinas, implementos, defensivos, fertilizantes,
sementes, tecnologia, etc.); "dentro da porteira" que são as
atividades agropecuárias, e "pós porteira" incluindo
o
armazenamento, beneficiamento, industrialização,
embalagem, distribuição, consumo de produtos alimentares,
fibras e produtos energéticos provenientes da biomassa.
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B. 14
A idéia de Davis & Goldberg, sintetizada no conceito de
agronegócio, passava a ser incorporada pelo setor primário
nacional, onde se entendia que os problemas relacionados com
o setor agroalimentar eram muito mais complexos que a
simples atividade rural. Daí ser necessário que tais problemas
fossem tratados sob um enfoque de agronegócio e não mais
como o estático da agricultura.
Crescia o conceito de visão sistêmica, e devido a sua
importância rapidamente se difundiu a importantes grupos de
pesquisa nacionais, como: Grupo PENSA da FIA-USP,
Embrapa, ABAG, entre outros.
A idéia básica da visão sistêmica é que, o
todo é maior
que a soma das partes individualizadas. Não adianta ser
extremamente competente em um elo da cadeia, se o complexo
como um todo não está sendo eficiente. No agronegócio
globalizado o complexo produtivo deve ser eficiente para se
manter no mercado e ele só será se todas suas partes também
o
forem (Neves, 1995).
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná 15
3. Visão Sistêmica do Agronegócio brasileiro
A economia brasileira passou por significativas
transformações e desequilíbrios nos últimos 20 anos.
Ao longo
desse período, o setor externo e a política cambial
desempenharam diversos papéis no que se refere às pressões
externas e à evolução das contas do balanço de pagamentos
e
aos esforços de estabilização da economia.
A partir de 1990, com o aprofundamento da abertura
comercial e a criação do Mercosul, o setor externo da
economia voltou a desempenhar um papel ativo na política
econômica, cuja ênfase passou a ser aumentar
substancialmente a exposição do país aos produtos
importados, tendo como objetivos incrementar a
competitividade e produtividade da produção doméstica e,
mais importante, reduzir, por meio de mecanismos de
arbitragem, as pressões inflacionárias vigentes ou latentes
(Furtado, 2002).
Mais recentemente, devido aos riscos de ocorrência de
uma crise cambial, em face da expressiva vulnerabilidade da
economia aos fluxos internacionais de capitais e dos
volumosos déficits em conta corrente, tem sido novamente
enfatizada a importância de se incrementar o desempenho das
exportações brasileiras.
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B. 16
No bojo destas transformações, decorrentes tanto da
globalização quanto da abertura econômica, o agronegócio
brasileiro superou problemas estruturais que travavam outros
setores da economia e se desenvolveu tornando-se a principal
atividade da economia brasileira.
O aumento de renda na agropecuária, nos últimos
anos, permitiu a capitalização dos produtores rurais que
passaram a consumir bens de consumo duráveis como
máquinas e automóveis, além de reformar parques industriais
e montar estruturas de gestão. O resultado foi a geração
de
empregos, onde, o agronegócio brasileiro emprega atualmente
17,7 milhões de trabalhadores no campo (MAA, 2004), além
de considerar a distribuição de renda em vários setores
Moderno, eficiente e competitivo, o agronegócio
brasileiro é uma atividade próspera. Com um clima
diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e
quase 13% de toda a água doce disponível no planeta, o Brasil
tem 388 milhões de hectares de terras agricultáveis férteis
e de
alta produtividade, dos quais 90 milhões ainda não foram
explorados (MAA, 2004).
O País ocupa posição de destaque a nível mundial
em
diversos produtos, tais como soja e derivados, suco cítrico,
café, frango, papel e celulose, entre outros, mesmo com a
instabilidade econômica, as precárias condições de
crédito
rural, os subsídios e protecionismo presentes no comércio
global.
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná 17
Segundo NEVES (1999), o agronegócio mundial utiliza
mais da metade dos ativos mundiais, emprega mais da metade
da mão-de-obra e representa metade das despesas totais dos
consumidores. Previsões de economistas do USDA (United
States Department of Agriculture) e do Prof Ray Goldberg da
Universidade de Harvard, apontam para o crescimento da
participação de setores mais próximos ao consumidor final,
em termos de geração total de renda, conforme tabela 1.
TABELA 1- DIMENSÕES DO AGRONEGÓCIO MUNDIAL E A
PARTICIPAÇÀO RELATIVA DE CADA SETOR NA GERAÇÀO DE
RENDA-ANOS 1950, 200 2 E 2028
Fonte: Estimativas do Prof. Ray Goldberg, baseadas em discussões no
USDA. Citado por NEVES 2001
O agronegócio é hoje a principal atividade da
economia brasileira, responsável por 33% do Produto Interno
Bruto (PIB) - R$ 508 bilhões - Figura 1, além de 42% das
exportações totais e 37% dos empregos brasileiros.
Setor
1950
U$ bilhões (%)
2000
U$ bilhões (%)
2028
U$ bilhões (%)
Insumos 44 (18) 500 (13) 700 (9)
Produção Agrícola 125 (32) 1.115 (15) 1.464 (10)
Processamento e Distribuição 250 (50) 4.000 (72) 8.000 (81)
TOTAL 419 (100%) 5.615 (100%) 10.164 (100%)
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B. 18
FIGURA 1: PARTICIPAÇÃO DO AGRONEGÓCIO NO PIB BRASILEIRO1
Fonte: CNA/CEPEA-USP, 2004
1 Em milhões de R$
Estima-se que o PIB do setor chegue a US$ 180,2
bilhões em 2004, contra US$ 165,5 bilhões alcançados no
ano
passado. Entre 1998 e 2003, a taxa de crescimento do PIB
agropecuário foi de 4,67% ao ano (MAA, 2004).
A competitividade do agronegócio brasileiro é
reconhecida mundialmente, e na medida em que suas
atividades se profissionalizam, a produção nacional conquista
cada dia mais espaço no comércio global.
Os números de 2003 demonstram que o Brasil teve um
1.534
1.601 1.622 1.653 1.650
508
477
438 431 431
360 335
303 297 303
148 142 136 134
127
0
200
400
600
800
1.000
1.200
1.400
1.600
1.800
1999 2000 2001 2002 2003
PIB BR Total AGRONEGÓCIO Agricultura Pecuária
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná 19
crescimento expressivo no comércio internacional do
agronegócio onde as vendas externas de produtos
agropecuários renderam ao Brasil US$ 36 bilhões, atingindo
um superávit de US$ 25,8 bilhões, figura 2.
FIGURA 2: AGRONEGÓCIO - BALANÇA COMERCIAL
Fonte: MDIC/SECEX, 2004 - Dados Trabalhados
Segundo o MAA, em 1993, as exportações do setor
eram de US$ 15,94 bilhões, com um superávit de US$ 11,7
bilhões. Em dez anos, o país dobrou o faturamento com as
vendas externas de produtos agropecuários e teve um
crescimento superior a 100% no saldo comercial.
A evolução da participação no mercado é um
indicador de resultado que tem a vantagem de condensar
múltiplos fatores determinantes do desempenho (Farina,
1999).
-
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
Exportações Importações Saldo
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B. 20
A evolução da participação de mercado do
agronegócio brasileiro reflete a sua competitividade no
comércio mundial decorrente de vantagens competitivas já
adquiridas.
O Brasil está numa posição privilegiada. Desenvolveu
tecnologia avançada, tem excedente de terras produtivas e há
mercado para seus produtos. A participação do Brasil no
comércio mundial nos últimos anos ficou estagnada na faixa de
0,95%, enquanto a participação no mercado mundial
agropecuário saltou de 2,34% em 1990 para 3,34% em 2002
(WTC, 2004).
A participação do país no comércio mundial de
produtos agropecuários acumulou um saldo positivo de US$
130 bilhões contra um déficit de US$ 55 bilhões de outros
produtos da pauta de exportação (MDIC/FAO, 2004).
Fica claro a importância e o potencial do setor para o
país. Das 12 commodities agrícolas mais negociadas no
mundo, o Brasil é líder de exportações em seis (açúcar,
café,
carne bovina, soja em grão, suco de laranja e tabaco), ocupa a
segunda posição em três (farelo de soja, frango e óleo
de soja)
e a quarta em outros três (algodão, carne suína e milho).
(FAO/USDA, 2004)
Para manter esta condição torna-se necessário garantir
preços, prazos, assegurar fluxos, atender exigências de
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná 21
padronização, rastreabilidade e qualidade das matérias-primas
e produtos acabados.
A capacidade de ação estratégica e os investimentos em
inovação de processo e de produto, marketing e recursos
humanos irão determinar sua competitividade futura, uma vez
que estão associados à preservação, renovação
e melhoria das
vantagens competitivas dinâmicas.
No agronegócio, o Brasil compete de forma igualitária
com as demais potências desse setor e apresenta diversas
oportunidades de inserção e crescimento. Não se deve pensar
que o país já é suficiente, o espaço para o desenvolvimento
é
enorme e deve acontecer nos próximos anos frente aos
gargalos apresentados no Brasil e as tendências mundiais.
Segundo recente pesquisa realizada pela Embrapa e
pelo Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE),
traçando diversos cenários para o agronegócio até
2012, foram
apresentadas algumas tendências nacionais e internacionais
nos espectros da macroeconomia, do agronegócio em si e da
pesquisa e inovação, tabela 2.
De acordo com a pesquisa, o mercado internacional
deve manter barreiras de proteção, além de subsídios,
barreiras não tarifárias. Desta forma, observa-se o crescimento
da necessidade de certificação e rastreabilidade dos produtos.
Além disso, a queda de preços das commodities deve ocorrer
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B. 22
paralela com aumento da competitividade, a oportunidade
está em agregar valor às commodities existentes,
fortalecimento de produtos diferenciados como alimento
funcionais e biofármacos.
TABELA 2 - TENDÊNCIAS PARA O AGRONEGÓCIO 2002-
2012
Fonte: Instituto Inovação, 2004
Na área de novos alimentos, as mudanças na
composição das famílias, o crescimento da participação
da
mulher no mercado de trabalho e o envelhecimento da
população devem fortalecer a tendência de consumo de
produtos saudáveis, de alto valor nutricional, orgânicos e
considerando já o próximo elo da cadeia, o mercado de
produtos semi-prontos.
A biotecnologia será a grande área de pesquisa no
comércio mundial, sua participação que atualmente já
é
expressiva e muito importante na agricultura deve aumentar
ainda mais, desde o manuseio de genes para qualificação de
Macroeconomia Sócio-econômica Meio Ambiente Tecnológica
Manutenção dos
subsídios
Exigência da
Demanda
Preocupação com o
meio ambiente
Crescimento da
biotecnologia
Aumento da
competitividade
Novas funções
florestais
Foco da Indústria
Química
Mundo
Novos Produtos
Alterações nos
hábitos de
consumo Gestão das águas Crescimento da
certificação
Crescimento do
Agronegócio
Fortalecimento da
Agric. Familiar
Crescimento dos
Sis. Florestais e
Agroflorestais
Aumento da
transferência de
tecnologia
Aumento da
competitividade
Brasil
Crescimento do
mercado interno
Reconfiguração
profissional
Uso sustentável da
biodiversidade
Crescimento da
biotecnologia
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná 23
produtos até técnicas de inseminação e tratamento
de
doenças na pecuária.
Por fim, o agronegócio é o setor que tem movimentado
a economia nacional e deverá continuar sendo nos próximos
anos. Seguindo uma tendência mundial, o elo de
processamento e distribuição deverão ser os grandes
responsáveis pela crescente geração de renda ao setor.
Agroindústria
Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no Brasil e no Paraná
25
4. Agroindústria: definição
U ma definição comum e tradicional de
agroindústria se refere ao "depois da porteira", ou seja, onde
ocorre o processamento de matérias primas e produtos
intermediários derivados do setor primário. Desta forma, o
conceito de agroindústria passaria, necessariamente, pela
transformação de produtos originários da agricultura,
silvicultura e pesca. Entretanto, uma grande parte da
produção agropecuária passa por algum tipo de transformação
na própria unidade produtiva, entre a colheita e seu uso final.
É preciso destacar que quando se estuda a
agroindústria dentro de uma visão sistêmica, um dos
problemas metodológicos que surgem é referente a sua
delimitação.
Amaro et al.(1987) baseando-se em conceituações de
alguns organismos internacionais, entre eles a FAO (Food of
Agriculture Organization), BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento) e ONUDI (Organizações das Nações
Unidas
para o Desenvolvimento Industrial) sobre a agroindústria
apresenta a seguinte definição: "no Complexo Agroindustrial
a
agroindústria é a unidade produtora integrante dos segmentos
funcionalmente localizados nos níveis de suprimentos à
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B. 26
produção (indústria a montante), transformação
e
acondicionamento, e que transforma o produto agrícola, em
primeira ou segunda transformação, para a sua utilização
intermediária ou final".
As indústrias que utilizam produtos da agropecuária,
silvicultura e pesca como matérias primas compreendem um
amplo e vasto universo. Sua abragência vai desde operações
simples, como processos simples de preservação e colheita,
como a secagem e padronização, até operações
mais
complexas de produção utilizando métodos modernos e de
usos intensivo de capital.
Também podemos visualizar que a agroindústria
facilmente se divide em setores alimentícios e nãoalimentícios.
Farina (1988) formulou o conceito de Sistema
Agroindustrial de alimentos objetivando uma abordagem
sistêmica do agronegócio, mas privilegiando o setor alimentar,
ancorado nos estudos de organização industrial. Para tal,
denomina Sistema Agroindustrial de Alimentos (SAA), "a
cadeia que se inicia na produção agrícola de culturas
alimentares, passa pelo processo de transformação industrial e
através da rede de distribuição chega ao consumidor final".
A indústria alimentícia é muito mais homogênea e
fácil
de classificar pois seus produtos acabam por ter o mesmo uso
e finalidade: a alimentação humana. A grande maioria de suas
técnicas de preservações, respeitando as especificidades
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná 27
técnicas, acabam por serem parecidas ou apresentarem o
mesmo princípio, independente de se tratar de frutas, lácteos,
carnes ou peixes.
Ao contrário, a parte não-alimentícia apresenta uma
grande variedade de usos e fins, desde papel até para
mobiliário e vestuário. Estes segmentos exigem um
processamento maior, passando por vários produtos
intermediários até chegar ao produto final. O valor vem sendo
adicionado ao longo de toda cadeia, assim, a proporção total
do custo representado pela matéria prima é muito pequena se
comparado com a indústria alimentícia.
Outra forma comumente utilizada para dimensionar a
agroindústria é a análise da jusante a montante. Basicamente
podemos visualizar um conjunto de atividades econômicas que
envolvem produtos e serviços para a agricultura compondo a
cadeia retrospectiva da agropecuária, um parque industrial
que fornece bens de capital e insumos para o campo, setor
denominado a jusante.
Por outro lado há aqueles grupos que adquirem da
agricultura suas matérias-primas, formam-se complexas redes
de armazenamento, transporte, processamento,
industrialização e distribuição, constituindo a
cadeia
prospectiva da agropecuária setor a montante.
Esta análise também pode estar relacionada apenas ao
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B. 28
setor de processamento.
A jusante da agroindústria está relacionada ao
processamento inicial de commodities. Exemplos são a
secagem e padronização da soja e do milho, tratamento do
couro, fiação do algodão, filetagem do peixe e a pasta
de
celulose.
Indústrias a montante estão relacionadas com
operações de processamento realizadas com produtos
intermediários, que já sofreram o primeiro processamento.
Exemplos: pães, vestuário e calçados, produção
de papel e
moveis.
Além desta, uma especificação relacionada a natureza
do processo de produção pode ser visualizada, visto que, em
muitos casos o processo produtivo pode ir do artesanal até o
industrial. Por exemplo, a produção de geléias e compotas
orgânicas realizadas por agroindústrias familiares e um caso
extremo a produção e purificação de óleos
essenciais em
empresas de alto investimento de capital.
Desta forma, pode ser enganoso definir a agroindústria
apenas com base no bem produzido por que apenas o segundo
produto é elaborado por um processo industrial. Atualmente, é
cada vez mais difícil precisar uma demarcação de que é
considerado uma atividade agroindustrial.
O impacto do uso da inovação nos processos e novas
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná
29
tecnologias sugere uma ampla variedade de setores que
poderiam ser considerados, desde do biotecnológicos até
alguns considerados pelo complexo químico.
Isto implica que a agroindústria hoje continua a
processar bens agrícolas mas também os transforma nos mais
diversos materiais desde alta complexidade tecnológica até
simples produtos artesanais.
Todos estes fatores, a crescente complexidade das
matérias primas, o impacto da inovação nos processos e
novas
tecnologias, a sofisticação e o aumento do número de
processos, torna difícil promover uma distinção precisa
entre o
que pode ser considerado estritamente indústria e o que
poderia ser classificado como agroindústria.
Para fins deste estudo utilizamos a tradicional
classificação das Nações Unidas-International Standart
Industrial Classification of all Economic Activities- (ISIC),
que, adequada para propósitos estatísticos deste artigo
considera a produção agroindustrial como a fração
da
indústria formal ligada à agropecuária sendo representada
pelos seguinte setores e envolvidos nas atividades de
processamento primário: alimentos e bebidas, produtos
têxteis, couros e artefatos, papel e celulose, borracha e látex,
tabaco, produtos de madeira e álcool.
Agroindústria
Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no Brasil e no Paraná
31
5. Dimensionamento da Agroindústria
Brasileira
O final da década de 60 é considerada um marco
na constituição do Complexo Agroindustrial Brasileiro.
Caracterizado fundamentalmente pelo implantação de um
setor industrial produtor de bens de produção para
agricultura e paralelamente, desenvolve-se em escala
nacional um mercado para produtos industrializados de
origem agropecuária, que dá origem a formação de
agroindústrias, em parte voltadas para mercado interno mas
já prospectando exportações (DELGADO, 1985).
Tinha início um movimento cada vez mais forte de
integração entre a agricultura e a indústria. O Setor
agroindustrial se posicionava como de grande importância
para economia nacional.
Segundo o IBGE, o setor é hoje responsável por 38%
dos empregos gerados pela indústria nacional, responde por
aproximadamente 40 mil estabelecimentos industriais,
sendo 76% localizados nas regiões sul/sudeste, (IBGE,
2004) Figura 3.
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B. 32
FIGURA 3: UNIDADES PRODUTIVAS DA AGROINDÚSTRIA POR REGIÃO
Fonte: PIA/IBGE, 2004 - Dados Trabalhados
O complexo agroindustrial brasileiro corresponde a
31,5% das unidades produtivas da indústria nacional que em
conjunto somam 30% do Valor Bruto da Produção industrial,
o que corresponde a 16,7% em valor do PIB (MDIC, 2002.
Dados trabalhados), conforme figura 4.
FIGURA 4: VALOR BRUTO DE PRODUÇÃO DA AGROINDÚSTRIA NOS
PRINCIPAIS COMPLEXOS PRODUTIVOS
Fonte: PIA/IBGE, 2004 - Dados Trabalhados
48%
4%
1 3%
7%
28%
Sul
Sudeste
Nor te
Nordeste
Centro Oeste
11%
1%
1% 1% 1% 0% 1%
20%
3%
1%
2% 1%
1% 1%
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
Alimentos e
bebidas
Produtos
têxteis
Couros e
artefatos
Papel e
celulose
Borracha/
Látex
Tabaco e
fumo
Produtos de
madeira
% PIB % Indústria
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná 33
O potencial dos recursos naturais para o progresso
tecnológico e o crescimento da produtividade na agroindústria
nacional é maior do que vários outros setores tradicionais da
economia, este é um setor em que a combinação de recursos
naturais com tecnologias apropriadas vem obtendo grande
sucesso.
Nos últimos anos, o setor voltou-se fortemente para o
mercado mundial, rompendo sua tradição única em produzir
para consumo interno. Há de se ressaltar também a sua
dicotomia, pois tem se flexibilizado para atender às
necessidades de consumidores internacionais exigentes por
qualidade, bem como, alimentar imensa massa de população
de baixa renda.
O Brasil é um dos líderes mundiais na produção e
exportação de vários produtos agropecuários. Apenas
o setor
agroindustrial foi responsável por 27% das exportações
brasileiras em 2003 (MAA, 2004).
Os produtos da agroindústria têm representando, em
média, 65% do total comercializado pelo agronegócio nos
mercados internacionais nos últimos 3 anos, conforme
demonstrado na Figura 5 .
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B. 34
FIGURA 5: BALANÇA COMERCIAL AGROINDÚSTRIA X AGRONEGÓCIO
Fonte: MDIC/SECEX, 2004 - Dados Trabalhados
Projeções apresentadas em relatórios da USDA,
departamento de estatística americano, indicam que o país
também será, em pouco tempo, o principal pólo mundial de
produção de algodão e biocombustíveis, feitos a
partir de
cana-de-açúcar e óleos vegetais.
Os principais complexos das exportações
agroindustriais são carnes e pescado, soja incluindo rações,
madeira e cana de açúcar.
Juntos, seus principais produtos de exportação
correspondem a aproximadamente 60% do total exportado
pela agroindústria nacional, conforme pode ser observado pela
figura 6.
$58,22
$23,86
$(55,57)
$(47,24) $(48,29)
$60,36
$73,08
$24,84
$30,64
$17,10 $15,30 $19,96
$13,12
$2,65
$24,80
$(80,00)
$(60,00)
$(40,00)
$(20,00)
$-
$20,00
$40,00
$60,00
$80,00
2001 2002 2003
Bilhões
Exportações Agronegocios Agroindustria Importações
Saldo
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná 35
FIGURA 6: PRINCIPAIS COMPLEXOS PRODUTIVOS NAS EXPORTAÇÕES
AGROINDUSTRIAIS
Fonte: MDIC/SECEX, 2004 - Dados Trabalhados
Dos principais produtos da pauta de exportação, dois
pertencem ao complexo soja: óleo bruto e farelo. Ainda
podemos citar por volume expressivo, pasta de madeira,
açúcar de cana bruto e suco de laranja, figura 7.
FIGURA 7: PRINCIPAIS PRODUTOS DA PAUTA DE EXPORTAÇÃO
AGROINDUSTRIAL
Fonte: MDIC/SECEX, 2004 - Dados Trabalhados
10,2%
10,8%
13,5%
12,9%
8,0%
10,0%
7,8%
6,5%
8,4%
7,9%
5,0%
9,2%
6,5%
5,5%
3,1% 2,9%
5,2%
6,4%
5,5%
3,8%
2,0%
2,7%
3,9%
5,2%
8,4%
6,7%
5,3% 5,1%
4,6%
13,0%
25%
28%
27%
28%
31%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
1999 2000 2001 2002 2003
Farelo de Soja
Pasta quím Madeira n/conif
Açúcar de Cana, bruto
Pedaços Aves
Óleo de Soja, bruto
Suco de laranja
% Agroindustria
32%
24%
19%
15%
10%
Carne e pescado
Produtos de madeira
(exclus ive móveis)
Produtos amiláceos e rações
Açúcar
Óleos e gorduras
vegetais/animais
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B. 36
Com uma população superior a 170 milhões, o Brasil
tem um dos maiores mercados consumidores do mundo. Hoje,
cerca de 80% da produção brasileira de alimentos é consumida
internamente e apenas 20% são embarcados para mais de 209
países (MAA, 2004).
Em 2003, o Brasil vendeu mais de 1.800 diferentes
produtos para mercados estrangeiros. Além dos importadores
tradicionais, como Europa, Estados Unidos e os países do
Mercosul (Argentina, Uruguai e Paraguai), tem ampliado as
vendas dos produtos da agroindústria aos mercados da Ásia,
Oriente Médio e África, considerando apenas produtos
processados agroindustriais, conforme figura 8 .
FIGURA 8: PRINCIPAIS PRODUTOS, DESTINOS E MERCADOS EM 2003
Fonte: MDIC/SECEX, 2004 - Dados Trabalhados
#1 HOLANDA
U$ 1 Bilhão
Farelo de soja, pas ta de
madeira e cortes de aves
#4 BÉLGICA
U$ 600 milhões
Suco de laranja e
pas ta de madeira
#2 RÚSSIA
U$ 750 milhões
Açúcar
#3 EUA
U$ 675 milhões
Pas ta d e madeira e
Suco d e laranja
#5 IRÃ
U$ 565 milhões
Óleo de soja
#6 FRANÇA
U$ 550 milhões
Farelo de s oja e pas ta
de madeira
#8 JAPÃO
U$ 430 milhões
Pas ta de madeira e
cortes de aves
#9 ALEMANHA
U$ 340 milhões
Farelo de s oja e corte de
av es
#10 ITÁLIA
U$ 270 milhões
Farelo de soja e pas ta de
madeira
#7 CHINA
U$ 540 milhões
Óleo de soja e pas ta de
madeira
As exportações brasileiras
da agroindústria
totalizaram
em 2003 em torno
de US$ 20 bilhões,
um crescimento de
30% nos últimos 5
anos.
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná 37
Um dos principais desafios das empresas
agroindustriais no agronegócio globalizado têm sido antecipar
tendências.
Além de distinguir os mercados de quantidade e
qualidade, é imprescindível diversificar e diferenciar,
fortalecer marcas e promover a percepção destas pelos
consumidores. Enfim fazer da inovação tecnológica e de
modernos processos de gestão componentes constantes.
Outros desafios são considerados importantes, a
incorporação de valor no próprio país é fundamental.
Pensar
em diminuir a venda de commodities e cada vez vender
produtos já terminados, com maior valor agregado.
Manter e fortalecer programas de sanidade animal e
vegetal, garantindo a produção de alimentos saudáveis.
O que
auxiliou o país a alcançar a atual condição exportadora
no
complexo carnes, foi o aparecimento de questões sanitárias em
vários mercados potenciais, como a vaca louca nos EUA e a
gripe do frango na Ásia.
A agroindústria nacional está sensibilizada para o
fato de que, da sanidade depende a boa comercialização da
carne, e sua permanência, no mercado externo, e que esta
questão é sistêmica, não adianta investir em um moderno
complexo produtivo sem considerar que a sanidade depende
do produtor rural.
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B. 38
Com relação a questão tecnológica, o imenso potencial
do agronegócio brasileiro, aliado à capacidade instalada de
suas instituições e à reconhecida criatividade de seus
pesquisadores, abrem enormes possibilidades de
investimentos externos e privados em pesquisa e
desenvolvimento no país (Embrapa, 2004).
Cosméticos, nutracêuticos, uso da biotecnologia para
desenvolvimento de raças e variedades resistentes a parasitas,
doenças, pragas, estresse hídrico e secas prolongadas,
juntamente com informática agropecuária e agricultura de
precisão, são algumas das áreas que apresentam as melhores
oportunidades de investimento por intermédio de parceria
público-privado para a geração de conhecimento técnicocientífico
(MAA, 2004).
Tendências de consumo como a crescente demanda por
produtos naturais, saudáveis também tem impulsionado o
agronegócio no Brasil.
A agricultura orgânica, sistema de manejo sustentável
que dispensa o uso de agrotóxicos sintéticos, privilegia a
preservação ambiental, a biodiversidade, os ciclos biológicos
e
a qualidade de vida do homem está regulamentado desde
2003 com uma lei sancionada pelo Presidente da República.
Com uma área plantada de 842 mil de hectares, o setor
movimentou cerca de US$ 1 bilhão em 2003 e deve
impulsionar o setor agroindustrial em todo país.
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná 39
Atualmente o Brasil tem 19 mil propriedades orgânicas
certificadas e 174 processadoras espalhadas em diversas
regiões (MAA, 2004).
Outra tendência que vale ressaltar o crescimento do
Investimento Direto Estrangeiro-IDE e o avanço das
multinacionais que já estão implantadas no país ou pretendem
se implantar. Além da onda de fusões e aquisições,
que, em
algumas áreas já se caracteriza como monopólio, caso do
setor
de agroquímicos e sementes.
Segundo a Agroexame, em 2003, quando nossas
exportações bateram US$ 30 bilhões de dólares, as
cinco
gigantes multinacionais do agronegócio com base no país
foram responsáveis por 15% deste total. Para ganhar volume,
essas empresas foram as principais responsáveis por um forte
movimento de fusões de companhias brasileiras do setor nos
últimos anos.
Apesar de todo cenária positivo e das enormes
potencialidades de expansão, uma série de desafios circundam
a agroindústria nacional.
Além de considerar toda temática referente a políticas
públicas: fiscal, macroeconomica, cambial e de renda, outra
questão amplamente debatida e divulgada é referentes aos
gargalos da infra-estrutura.
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B.
A produção agrícola cresceu impulsionando a indústria
enquanto isso a malha viária e a capacidade de portos continua
praticamente inalterada. O Brasil ainda é dependente do
escoamento rodoviário, os portos estão saturados e o sistema
hídrico ainda é pouco utilizado.
A percepção da "Marca Brasil" ainda é um tema
que
está em constante debate. Um marketing amplo do país e
consequentemente da sua produção, pode associar os produtos
nacionais a qualidade e marcar características positivas. Isto
gera diferenciação e agrega valor ao produto.
Questões tecnológicas relacionadas ao atraso na
regulamentação da biotecnologia, necessidade de crescentes
investimentos de forma a promover a inovação no setor devem
ser consideradas na formulação de políticas públicas
e
privadas.
Marcos institucionais com relação a disputas de terras,
os efeitos das barreiras impostas aos produtos brasileiros no
mercado internacional, burocracia e restrições ao crédito
são
gargalos e fragilidades expostas que afetam não apenas o setor
de processamento agroindustrial como todo complexo.
Seguramente o Brasil já venceu uma série de
obstáculos, o que lhe rendeu inúmeras conquistas para o setor.
Entretanto, vem se deparando com uma complexa
rede de desafios, que exigem acima de tudo a forte mobilização
40
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná
de entidades públicas e privadas no sentido de promover a
organização e a convergência de toda cadeia do agronegócio
-
indústrias, cooperativas, entidades de classe, governo e,
logicamente, o produtor rural.
Apenas desta forma, com os diversos atores do sistema
trabalhando articulados e com visão sistêmica do setor, será
possível incentivar o futuro e promover o fortalecimento de
todos os elos do agronegócio nacional.
41
Agroindústria
Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no Brasil e no Paraná
6. Aspectos do Agronegócio Paranaense
O Paraná está localizado na Região Sul do Brasil,
ocupa 199.324 km2, o equivalente a 2,3% do território
brasileiro. Localizado numa área de transição climática
(Tropical para Subtropical), esta variação permite o cultivo de
diversas espécies e ainda um sistema de consorcio de culturas,
de inverno e verão, possibilitando em algumas culturas duas
safras ano.
Atrelado a característica climática o Paraná ainda
possui solos férteis e um relevo plano. O que, de maneira geral,
facilita o desenvolvimento da agricultura com baixos
investimentos em adubações além da mecanização
agrícola
que encontra poucos empecilhos para sua viabilidade.
A questão cultural também é um fato marcantes, a
colonização européia teve grande influência na agricultura
do
Estado, aqui desenvolveu e aprimorou suas técnicas de
produção e, até hoje, são repassadas e implementadas
de
geração em geração.
Tradicionalmente exportadora, a economia paranaense
sempre teve forte base de produção agropecuária. A aptidão
agrícola do Estado foi revelada com a cultura do Café. No
início do século XIX oportunistas e cafeicultores migravam de
43
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B.
São Paulo para o Sul em busca de novas terras produtivas, foi
no norte do Estado que isto ficou evidenciado. Com o ciclo do
café o Estado iniciou sua tradição exportadora, chegou
a
atingir quase um terço da produção mundial de café
na década
de 50 e permitiu um grande desenvolvimento para o Paraná e
para o Brasil.
O café foi principal produto de exportação até a
década
de 70. Com a modernização da agricultura, culturas
tradicionais foram substituídas pelas culturas denominadas
"modernizantes", como soja e trigo, que passaram a ser
cultivadas em larga escala. Desde então a soja tornou-se o
principal produto gerador de divisas.
Com a mudança da base técnica da produção,
cresceram a produção e a produtividade dos fatores a ponto de
gerarem excedentes crescentes de produtos a serem enviados
ao exterior, principalmente da soja, da qual o Paraná passou a
ser grande exportador (PEREIRA, 1996).
Atualmente o Estado do Paraná é considerado o celeiro
do Brasil, possui uma produção de mais de 26 milhões de
toneladas de grãos (SEAB, 2003) que corresponde a 25% do
total produzido no país, com um aumento de 90%, entre 1995
e 2002.
A produção pecuária, estimulada pela abertura dos
mercados na década de 90 vem se especializando em produtos
de maior renda, uma vez que seus preços são formados no
44
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná
mercado internacional, assim, o Estado é hoje considerado
referência no complexo carnes, com ênfase na cadeia de Aves,
com a produção de 80 milhões de frangos por mês (ABEF,
2004), sendo responsável por 21,9% da produção nacional,
classificando-o como o maior produtor deste ramo no Brasil.
Vale ressaltar, ainda, o contínuo crescimento da
suinocultura estadual com o índice anual de 4% (MACHADO,
2004), muito além dos padrões mundiais que não ultrapassam
a casa de 1,26%. A bovinocultura foi o setor com menor
crescimento expressivo na pecuária paranaense, porém o
Estado possui grande potencial na produção de carne e leite
sendo que o índice de produção de carnes por hectare é
padrão
de referencia nacional.
O Paraná é o segundo maior produtor brasileiro de
açúcar e a previsão da Alcopar (Associação
de Produtores de
Álcool e Açúcar do Estado do Paraná) para 2004 é
colher 28
milhões de toneladas de cana-de-açúcar, que serão
transformadas em 1,1 bilhão de litros de álcool e 1,8 milhões
de
toneladas de açúcar. O Estado pretende ainda dobrar sua
produção de álcool até 2007.
A cultura do café foi a primeira a ser produzida com
fins comerciais dentro do padrão tecnológico de produção.
Apesar do decréscimo observado nas ultimas décadas, este
produto ainda possui relativa representatividade, sendo
responsável por 8% da produção nacional. Vale ressaltar,
que o
45
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B.
Estado concentra grande parte do beneficiamento do café
nacional.
Na produção de madeira, o Paraná destaca-se como
sendo o maior exportador brasileiro de pinus, com cerca de
75% da produção nacional de compensados da madeira. Em
todo Paraná foram vendidos no ano passado, para o mercado
externo, em torno de 1,5 milhão de metros 3(APRE, 2004).
Fica evidente o demasiado potencial do Paraná para a
agropecuária, tal afirmação pode ser comprovada quando
avaliado o crescimento do Valor bruto de produção que
cresceu mais de 300%, entre 1994 e 2003, passando de R$
5,95 bilhões para R$ 28,00 bilhões (SEAB, 2003), figura 8.
FIGURA 8: EVOLUÇÃO DO VALOR BRUTO DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA
DO PARANÁ DE 1994 A 2003
Fonte:SEAB/ DERAL, 2004
R$ 5,95 R$ 6,43
R$ 7,71
R$ 8,72 R$ 9,13
R$ 10,90
R$ 11,89
R$ 14,66
R$ 19,05
R$ 28,0
R$ -
R$ 5,00
R$ 10,00
R$ 15,00
R$ 20,00
R$ 25,00
R$ 30,00
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
Bilhões 46
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná
É importante citar a competência das entidades
responsáveis por programas agropecuários no Estado como,
SEAB, IAPAR, EMATER, Universidades, Centros de Pesquisas,
entre outras.
Além disso é expressiva a participação das cooperativas
no Paraná. São 64 Cooperativas Agropecuárias, com 110.000
agricultores e faturamento anual de US$ 7,9 bilhões, com
ações importantes na área de assistência técnica,
crédito,
fornecimento de insumos, pesquisa, agroindústria,
armazenagem, etc. As cooperativas são responsáveis por 67%
da soja comercializada, 35% do milho, 85% do trigo, 57% do
leite in natura, 90% do algodão, 24% do café, 15% dos suínos,
27% das aves, 100% da cevada, 23% da cana de açúcar e 5% do
feijão (SEAB, 2003).
47
Agroindústria
Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no Brasil e no Paraná
7. O Setor Agroindustrial Paranaense
O enorme potencial agropecuário do Estado é seu
primeiro pré-requisito para o desenvolvimento de uma
Agroindústria participativa e de grande expressão no âmbito
nacional.
O setor agropecuário tradicionalmente desempenhou o
importantes papel de gerador de divisas para economia
paranaense. A retomada do crescimento das exportações
paranaenses ocorreu após a transformação e adequação
do
parque agroprocessador à luz da abertura comercial brasileira
no início da década de 90 (SEREIA, 2002).
À semelhança do Brasil, a modernização da agricultura
paranaense elevou a participação do setor industrial na
agricultura, e a exploração das atividades agropecuárias
soldou
a indústria, a montante e a jusante, formando vários
complexos agroindustriais (KAGEYAMA, 1990).
Atualmente o complexo agroindustrial do Estado é
bastante diversificado. Grãos, pecuária, produtos florestais,
hortaliças, frutas, madeira, açúcar e álcool entre
outros
produtos promovem a riqueza e determinam o potencial da
agroindústria paranaense.
49
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B.
Em sua atual configuração, a agroindústria paranaense
espelha o amadurecimento da estrutura gestada em meados
dos anos 70 e início dos 80.
Nesse período, seu setor agrícola passou por uma
intensa modernização, juntamente ao movimento de
industrialização da matéria-prima. Carnes processadas,
rações
balanceadas, extração e refino de óleos vegetais passaram
a
dividir espaço com segmento tradicionais como
beneficiamento de cereais e torrefação de café.
O comportamento da economia paranaense, similar a
nacional, tem sido impactado por esta riqueza e apresenta
características próprias relacionadas a sua vocação
agroindustrial.
Uma rápida avaliação de indicadores nacionais revelam
o comportamento diferenciado da indústria e comércio
paranaense confrontado com a média brasileira no primeiro
semestre de 2004.
A evolução da produção física industrial
levantada pelo
IBGE demonstra que o setor manufatureiro operante no
território estadual cresceu 8,1% no período contra 6,1% da
média nacional.
Segundo Lourenço 2004, a impulsão da produção
industrial do Paraná foi determinada pelas variações positivas
ocorridas, entre outros, pelos setores de madeira, bebidas e
50
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná
alimentos, vinculadas prioritariamente à combinação entre
o
desempenho do agronegócio e das exportações.
A importância que o Estado possui na configuração da
agroindústria exportadora nacional é evidente. Conforme
demonstrado pela figura 17, o Paraná é responsável por
uma
importantes parcela do comércio internacional de produtos
agroindustrializados brasileiro
FIGURA 17: PARTICIPAÇÃO DA EXPORTAÇÃO DA AGROINDÚSTRIA
PARANAENSE NA AGROINDÚSTRIA NACIONAL
Fonte: MDIC/SECEX, 2004 - Dados Trabalhados
57%
54%
52%
51%
49%
28%
20% 19% 18% 17%
20% 21%
23% 22%
15%
13% 14%
11%
15%
8%
11%
8% 7%
8%
17%
17% 16%
21%
19%
16%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
1999 2000 2001 2002 2003
Café Soja Madeira Carnes Cana Total
51
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B.
Podemos visualizar que a Agroindústria paranaense
corresponde por aproximadamente 17% de todo complexo
agroindustrial do Brasil. Além disso, ainda é responsável
pelas
exportações de:
17% de todo setor agroindustrial de Soja
34% de todo farelo de soja exportado pelo país
43% de todo óleo de soja exportado pelo Brasil
15% de todo complexo agroindustrial de Carnes
22% da cadeia de aves nacional
22% do complexo madeira brasileiro
49% do complexo café agroindustrial do país
O setor agroindustrial paranaense está fortemente
inserido na economia global. Com a participação nos mais
ativos mercados mundiais.
Os blocos econômicos e países de mercados dinâmicos
como União Européia, Tigres Asiáticos, Oriente Médio,
Estados Unidos, nafta e Mercosul têm mantido relações
comerciais com a economia paranaense (WOSCH, 1999). Além
disso, o Paraná tem uma posição estratégica no Mercosul
favorecendo seu comércio com este bloco econômico e a
manutenção de suas vantagens competitivas.
Em 1996 o Paraná representava em torno de 8,9% do
total exportado pelo Brasil, em 2003 esse número aumentou
para 9,8% (MDIC, 2004).
52
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná
Em 1999 a agroindústria paranaense exportou o
equivalente a U$2,31 bilhões e em 2003 U$3,46 bilhões,
conforme pode ser visualizado na Figura 9.
FIGURA 9: EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES NO PARANÁ
Fonte: MDIC/SECEX, 2004 - Dados Trabalhados
Na sua pauta de exportação 50% dos produtos são do
complexo agroindustrial, ficando claro a grande importância
que o setor tem para o Estado.
Três fatores devem permitir a continuidade desta
posição e até mesmo seu crescimento: a elevação
da
produtividade e da qualidade devido a incorporação de
tecnologias e de gestão, o potencial de demanda de alimentos
processados e naturais em virtude da elevada concentração de
renda e mudanças de comportamento dos mercados
consumidores e a abertura de nichos de mercado para as
chamadas "commodities inovadoras", como algodão colorido,
$7,15
$5,70
$5,32
$4,39
$3,93
$2,31
$2,84
$3,17
$2,71
$3,46
-$
$1,00
$2,00
$3,00
$4,00
$5,00
$6,00
$7,00
$8,00
1999 2000 2001 2002 2003
Bilhões
Total Exportado Agroindustria
53
Agroindústria
Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no Brasil e no Paraná
8 . Principais Complexos Produtivos Agroindustriais
O s principais complexo produtivos agroindustriais
foram definidos neste trabalho com foco na sua base exportadora.
Setor agroindustrial exportador do Paraná apresenta um
aspecto de concentração em 5 complexos produtivos.
Ao analisar a figura 10, observa-se que mais de 90% da
exportações de produtos agroindustriais estão concentrados
nos complexos: Soja, Madeira, Carnes, Sucro-Alcoleiro e Café.
FIGURA 10: PARTICIPAÇÃO DOS PRINCIPAIS COMPLEXOS NA AGROINDÚSTRIA
PARANAENSE
Fonte: MDIC/SECEX, 2004 - Dados Trabalhados
55
29,40% 31,33%
34,58%
40,48%
20,01%
16,82% 15,58%
22,12% 21,94%
10,25%
5,74% 5,70%
46,03%
17,84%
14,05% 14,10%
19,29%
4,90% 5,56% 6,94%
3,46 3,53% 3,43% 4,28% 5,80%
92,89%
90,73%
68,42% 70,12%
65,65%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
1999 2000 2001 2002 2003
Soja Madeira Carnes Cana de Açúcar Café Total
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B.
Há uma predominância de exportações paranaenses
sustentadas em vantagens comparativas, ou seja em commodities.
Apesar da tecnologia de ponta, escala e produtividade, por
trás de bons resultados da balança comercial esconde-se uma
situação de fragilidade.
8.1 Complexo Soja
O complexo agroindustrial da Soja foi o ícone da transformação
agroindustrial do Paraná nos anos 70 e constitui ainda
hoje uma das cadeias agroindustriais mais representativas
do Estado. O complexo paranaense compõe-se principalmente
da produção do farelo de soja e do óleo bruto e refinado
(IPARDES/SENAI, 2000).
O Paraná é o 2º produtor nacional de soja em grãos,
participando com cerca de 21% no total produzido e com produtividade
média ao redor de 3.000 kg/ha que está entre as
maiores médias mundiais.
Atualmente, a soja em grão participa com cerca de 22,4
% no Valor Total da Produção Agropecuária do Paraná
e o
complexo: grão, farelo e óleo, com 34 %, aproximadamente, do
valor total arrecadado nas exportações do Estado (SEAB,
2003).
56
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná
Considerando apenas a agroindústria, este complexo,
conforme Figura 11, representa 40% de todo segmento produtivo
paranaense e 20% de total exportado pelo Paraná. Sem
considerar, obviamente os valores de exportação referentes aos
grãos de soja que ultrapassaram um bilhão de dólares no
último
ano.
FIGURA 11: EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DO COMPLEXO
SOJA
Fonte: MDIC/SECEX, 2004 - Dados Trabalhados
Dentro deste setor o Estado é responsável, ainda, por
34% e 43% de todo farelo de soja e óleo de soja, respectivamente,
exportados pelo Brasil, (MDIC/SECEX, 2004).
A capacidade instalada das indústrias paranaenses para
moagem de soja é de aproximadamente 8,6 milhões de tonela-
$1,08
$0,68
$0,87
$0,53 $0,59
$0,86
$0,67 $0,67
$0,76 $0,76
$0,64
$0,38 $0,34
$0,24 $0,20
$0,83
$0,99
$1,10
$1,40
$1,06
$2,48
$1,95
$1,66
$1,51
$1,67
$-
$0,50
$1,00
$1,50
$2,00
$2,50
$3,00
1999 2000 2001 2002 2003
Bilhões
Grãos de Soja Farelo de Soja Óleo de Soja Total Soja Agroindustria
Total complexo soja
57
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B.
das ao ano, 26% do total nacional, sendo que a moagem efetiva
gira em torno de 8,0 milhões de toneladas anuais (SEAB,
2004).
O Paraná é um importante exportador de soja em grão ,
fazendo com que as indústrias do setor comprem excedente de
outros estados para complementar suas demandas. Da produção
total, cerca de 48,0% é esmagada no estado, 48,0% é exportado
e 4,0% reservado para semente (SEAB, 2003).
O momento atual do segmento que foi impulsionado
pelos preços internacionais nos últimos dois anos é relativamente
delicado. O segmento no Estado está fortemente concentrado
em commodities. Conforme vem sendo observado no
mercado internacional, o preço destes produtos vem apresentando
constantes quedas.
Além disso, a capacidade ociosa em âmbito nacional
está promovendo a diversificação da produção,
traduzidas nos
lançamentos de óleos de canola, girassol, entre outros pelas
processadoras no Estado (IPARDES, 2000).
O desvio da fronteira agrícola para o centro-oeste também
está induzindo a implantação de esmagadoras e o advento
de corredores alternativo de transporte e distribuição, propiciando
custos inferiores às tradicionais vias de escoamento.
Por fim, podemos considerar também a questão da biotecnologia
que tem sido amplamente discutida no Estado e im-
58
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná
pactado diretamente todo o complexo produtivo.
O Paraná, entretanto, apresenta vantagens em relação a
outras regiões do país. Apesar do já citado problema nacional
com a infra-estrutura, a proximidade ao Porto de Paranaguá
reduz os valores com fretes.
Também existe no Estado a presença de centros em ciência
e tecnologia promovendo pesquisas direcionadas ao aumento
contínuo dos teores de proteína e óleos.
As terras paranaenses apresentam condições privilegiadas
para o cultivo da soja e, de modo geral, a agricultura é praticada
em solos de excelente qualidade que possuem elevada
fertilidade natural.
Com o objetivo de agregar valor à produção primária
do
Estado várias metas estão sendo trabalhadas, tais como, desenvolvimento
de tecnologias para a produção do éster de soja,
que pode ser utilizado como combustível limpo, reduzindo os
índices de poluição causados pelos combustíveis
à base de petróleo;
atividades voltadas a produção, o processamento e a
exportação de produtos com alto valor agregado, como lecitina
de soja, glicerina, éster e proteína isolada de soja; disseminação
de tecnologias para a produção de vitaminas e novos produtos
de alimentação humana e animal e promoção de maior
utilização de fundos de capital de risco direcionados a projetos
paranaenses de desenvolvimento tecnológico aplicado.
59
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B.
8.2 Madeira
A vocação florestal dos estados do Sul, em especial do
Paraná, impulsionou a silvicultura nas duas últimas décadas,
fortalecendo principalmente a cultura de pinus. A silvicultura
promoveu, então, o desenvolvimento de uma cadeia de atividades
ligadas à madeira que estavam praticamente extintas pela
exaustão da madeira nativa.
Entretanto, foi através do aumento da demanda internacional
por produtos de base florestal que a silvicultura ganhou
um novo impulso.
Atualmente é vista como um modo concreto de viabilizar
a economia rural e desenvolver uma cadeia produtiva nos
diferentes segmentos da sociedade.
Segundo Associação Paranaense de Empresas de Base
Florestal-APRE- 2003, o agronegócio paranaense bateu recordes
de exportação, onde o complexo madeira perdeu apenas
para o complexo soja.
O Estado também é considerado o maior produtor nacional
de papel fibra longa, grande produtor de celulose e móveis
de madeira serrada, tudo isso, ocupando apenas 2,8% do
seu território ou 560 mil hectares.
60
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná
Nos cinco primeiros meses de 2004, as exportações nacionais
de produtos de madeira somaram 1,4 bilhões de dólares,
39,8 % a mais do que no mesmo período em 2003. Principal
exportador, o Paraná foi responsável por 30,5% das vendas
externas (MDIC, 2004).
A produção de madeira teve um aumento de mais de
60% nos últimos 5 anos. Em 1999 o Paraná exportava em torno
de U$ 460 milhões, passando para quase U$ 760 milhões
em 2003 (Figura 12). Este valor representa 22% de todo Complexo
Agroindustrial de Madeira do país.
FIGURA 12: EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DO COMPLEXO
MADEIRA
Fonte: MDIC/SECEX, 2004 - Dados Trabalhados
$462,24 $477,04 $493,69
$600,21
$758,41
$-
$100,00
$200,00
$300,00
$400,00
$500,00
$600,00
$700,00
$800,00
1999 2000 2001 2002 2003
Milhões 61
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B.
Segundo Leite, 2004 alguns desafios para o setor de
produtos florestais no âmbito nacional, mas que estão de acordo
com as dificuldades apresentadas pelo setor no Estado, são:
integração do pequeno e médio produtor rural ao processo
de
produção de madeira, otimização dos valores sociais
e ambientais
da atividade florestal, identificação das áreas prioritárias
para expansão, com sustentabilidade, desenvolvimento de parcerias
(Governo, empresas, organizações da Sociedade) para o
fomento florestal, linhas de financiamento para pequenos, médios
e grandes empreendimentos, inovações tecnológicas e aquisição
de equipamentos especializados, pesquisas e adequações
tecnológicas para atender as exigências dos novos modelos
operacionais, além do fortalecimento político e institucional
do setor florestal.
62
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná
8.3 Complexo Carnes
O Paraná tem se consolidado no cenário nacional como
o importante produtor do complexo de carnes. Especialmente
na produção de aves e suínos, onde o Estado é, respectivamente,
o maior produtor nacional com 21,9 % do total de aves abatidas
em 2003 (ABEF, 2004) e o terceiro produtor no abate de
suínos com 11% do total nacional (SINDICARNE, 2004).
Apesar do destaque nacional em 2004 para as exportações
de carne bovina, que alcançaram o primeiro lugar mundial
(MAA, 2004), no Estado, o rebanho bovino é apenas o 7o no
ranking nacional (SEAB, 2002). No entanto, acompanhando a
tendência do setor, seus recentes resultados vêm demonstrando
o fortalecimento deste segmento no Estado.
O Paraná vem se destacando por possuir uma pecuária
de corte relativamente desenvolvida no aspecto tecnológico,
com rebanhos de alto nível genético e elevada produtividade.
No comércio internacional, nos últimos quatro anos,
em conjunto com a carne suína, as exportações aumentaram
525%, um salto de 18,5 mil em 2000 para 80 mil toneladas
atingindo em 2003, uma receita de 105 milhões de dólares
(FAEP, 2004).
63
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B.
O grande destaque fica com a avicultura. Pouco mais de
70% de todo comércio internacional deste complexo refere-se a
produção avícola., Figura 13.
FIGURA 13: DIVISÃO DO COMPLEXO CARNES (2003)
Fonte: MDIC/SECEX, 2004 - Dados Trabalhados
As exportações da avicultura paranaense cresceram
mais de 80% de 1999 a 2003, Figura 14, destacando-se produtos
como pedaços e miudezas de carnes e galinhas que quase
triplicou o volume de exportação nesse mesmo período.
64
9,74%
14,08%
72,75%
3,43%
Bovino Suínos Aves Outros
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná
FIGURA 14: EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DO COMPLEXO
CARNES
Fonte: MDIC/SECEX, 2004 - Dados Trabalhados
Apesar do aumento expressivo das vendas no exterior,
a grande expressão do setor brasileiro de carnes ainda está relacionada
ao mercado interno.
No caso do frango, 75% da produção nacional é negociada
no mercado interno (ABEF, 2004). No contexto estadual, o
frango de corte paranaense segue o seguinte destino: 27 % consumo
interno, 49 % comércio interestadual e 24 % exportação.
A indústria avícola do Estado encontra-se em expansão,
apresentou um crescimento de 312 % nos últimos 12 anos, saltando
de 334.004 toneladas em 1990 para 1.375.738 em 2002.
(SEAB, 2004).
65
$14,48 $16,32 $22,85 $30,71
$44,80
$64,96
$13,64
$60,64
$93,88
$267,09
$227,70
$346,99
$359,39
$485,07
$12,38
$13,59
$47,69
$31,43 $38,83
$19,72
$ -
$100,00
$200,00
$300,00
$400,00
$500,00
1999 2000 2001 2002 2003
Outros Bovinos Suínos Aves
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B.
Com relação à qualidade, a grande maioria de abatedouros,
ou seja, 28 empresas classificadas entre médias e grandes,
contam com Serviço de Inspeção Federal (SIF) (AVIPAR,
2004). As cooperativas e as agroindústrias desenvolvem a cadeia
produtiva no sistema de integração, no qual os avicultores
criam os frangos de corte recebendo os pintainhos, insumos, a
assistência técnica, garantia de comercialização,
assistência
técnica e acesso facilitado a mercados.
Nos últimos anos tem se verificado em nível nacional,
com similaridade no Paraná, o acirramento da concorrência,
com a eliminação da pequena produção e a proliferação
de
grandes unidades produtivas devido a formação de forte base
exportadora, seja por ampliação de investimento ou por organização
cooperativa.
As empresas que exportam frangos inteiros e em pedaços
não se configuram como mercados diferentes, e a maioria
das empresas negocia um mix dos produtos. No entanto, entre
as empresas exportadoras que atuam no segmento de frango
em pedaços é comum encontrar casos em que, na maioria dos
anos em mais de 90% de seus embarques tenham sido de produtos
do segmento (PAULA, 2003).
Na ramificação da cadeia produtiva avícola de corte, no
Estado, estão distribuídos aproximadamente 70.000 empregos
diretos e outros 500.000 indiretos. Cerca de 8.000 avicultores
encontram-se vinculados ao sistema de integração com os aba-
66
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná
tedouros ou indústrias avícolas (AVIPAR, 2004).
Outro segmento deste complexo que vem ganhando
competitividade é o da Suinocultura, apesar de ser um número
pouco significativo se comparado com o da Avicultura, seu valor
de exportação aumentou em 7 vezes no período de 5 anos,
o
que demonstra a especialização dos produtores e a valorização
desta carne no mercado internacional (MDIC, 2004).
A produção de suínos tem, de certo modo, acompanhando
a de aves, já que tem sido comum a implantação de
unidades integradas de abate e processamento. Na realidade, o
expressivo crescimento do setor deve-se muito ao mercado interno
devido ao consumo de carne em si do que à expressiva
expansão do mercado de embutidos, apresuntados e tipos especiais
como hambúrgueres (IPARDES/SENAI, 2000).
A produção nacional de carne suína vem apresentando
índices consideráveis de crescimento nos últimos 22 anos,
média
de 4% ao ano. Avanços genéticos, nutricionais e a especialização
do produtor, associados aos constantes esclarecimentos
à população sobre a qualidade da carne suína através
de campanhas
de marketing traduzem-se nos principais fatores para o
bom desempenho do setor (ABS, 2004).
No Estado, em 2003, a produção total de carne inspecionada
alcançou um volume de 309.000 toneladas, representando
o terceiro maior estado produtor.
67
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B.
Deste total foram exportados 77.841 toneladas, participando
com 16% do total de exportações nacionais um aumento
de 117% em relação ao ano anterior. Considerando-se o abate
inspecionado total de suínos no Paraná, cerca de 94,0%, 22
frigoríficos contam com Sistema de Inspeção Federal (SIF),
(SEAB/DERAL, SINDICARNE, 2004).
O setor agroindustrial de suínos tem encontrado algumas
dificuldades nos últimos anos. Parte do plantel do Estado,
que é atualmente estimado pela SEAB em 5,4 milhões de cabeças,
é abatido em outras unidades da federação. O SINDICARNES
estima que cerca de 300.000/cabeças ano são abatidas
fora do Paraná.
Neste sentido o setor tem se observado um movimento
de empresas para outros Estados em busca de incentivos fiscais,
preços de insumos mais atrativos e mudanças na legislação
ambiental.
8.4 Complexo Sucro-Alcooleiro
O Brasil é o principal produtor de cana de açúcar em
nível mundial, sendo responsável por 30% da produção
global
(MAA, 2004). Em 1994, o Paraná começou a investir na produção
de cana de açúcar procurando suprir a necessidade de
68
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná
açúcar no estado, pois até então era dependente
direto da produção
paulista (SEAB 2003).
O Paraná é o segundo produtor nacional e sua produção
está concentrada no norte paranaense, onde se localizam
grande parte das usinas e destilarias do Estado.
Em 2003, segundo dados consolidados pela Secretaria
de Produção e Comercialização (SPC), as exportações
de açúcar
atingiram 12,9 milhões de toneladas, com receitas de U$2,1
bilhões, um resultado 2,2% superior ao registrado em 2002.
Os principais destinos dos nossos produtos foram: Rússia, Nigéria,
Emirados Árabes Unidos, Canadá e Egito. A produção
em 2003/2004 chegou a 2,48 milhões de toneladas de açúcar.
Atualmente o álcool movimenta 15% da frota automotiva
nacional. Em 2003/2004 o Brasil produziu 14,4 bilhões de
litros de álcool. No ano passado, o volume de embarques bateu
800 milhões de litros (MAA, 2004).
Combustível não poluente, o álcool é um produto
que
auxilia em reduzir a emissão de gases nocivos a saúde humana.
Países como a China e o Japão já manifestaram intenção
de
importar esse combustível. A perspectiva é de que as exportações
de álcool dêem um salto espetacular nos próximos anos.
Apesar de o Estado estar entre os maiores produtores
de Açúcar do país, Figura 15, este setor não possui
uma representatividade
tão forte no Brasil.O Paraná é responsável por
69
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B.
apenas 8% das exportações do Complexo agroindustrial Sucro-
Alcoleiro brasileiro (MDIC, 2004) e está buscando o desenvolvimento
deste setor, uma vez que o mercado de Álcool possui
boas perspectivas de crescimento com a busca de alternativas
de energia principalmente em automóveis.
FIGURA 15: EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DO COMPLEXO
CANA
DE AÇÚCAR.
Fonte: MDIC/SECEX, 2004 - Dados Trabalhados
Na pauta de exportação, o complexo da cana de açúcar
paranaense destaca-se no volume de açúcar bruto exportado,
representando 12% da produção nacional (Alcoopar, 2004).
Apesar do Estado ser o segundo maior produtor de álcool, as
exportações deste produto iniciaram-se apenas em 2002 e ainda
são de pouca representatividade.
O conselho de produtores de cana de açúcar, açúcar
e
álcool destilado do Paraná (CONSECANA) criado em 2000,
teve papel fundamental na organização da cadeia produtiva de
$160,36
$139,05
$181,79
$154,62
$192,19
$-
$50,00
$100,00
$150,00
$200,00
$250,00
1999 2000 2001 2002 2003
Milhões
70
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná
cana de açúcar. O referido conselho é representado pelo
setor
rural, industrial e acadêmico (Universidade Federal do Paraná)
que é um fórum que visa oferecer subsídios aos produtores
do setor no Estado do Paraná, na formação dos preços
da cana-
de-açúcar, em regime de livre mercado.
O setor agroindustrial sucro-alcooleiro do Estado vem
acumulando bons resultados no mercado internacional, em
parte resultado da visão empreendedora de entidades de classe
e associações de produtores, em parte vinculado aos bons preços
do mercado de commodities.
Entretanto, o setor demonstra estar atento a tendências
mundiais de queda de preço das commodities e tem se articulado
fortemente no sentido de promover a inovação tecnológica
no setor, buscando a diferenciação de produtos e a incorporação
de tecnologias no processo produtivo.
71
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B.
8.5 Complexo Café
Na década de 40, começou um movimento migratório
dos cafeicultores de São Paulo para o Paraná, fato ocorrido pelo
bom preço do café no mercado internacional e pela busca de
terras mais rentáveis.
Iniciou-se então uma explosão cafeeira no Paraná, possibilitando
a colonização do norte paranaense através da oferta
de mão de obra. Tais fatores desempenharam um importante
papel na economia paranaense, trazendo desenvolvimento regional
e possibilitando maiores investimentos no Estado.
O Paraná foi responsável por quase 30 % de todo café
produzido em nível mundial no início da década de 60 (Portal
da Sociedade Rural Brasileira - 2004).
Porém, o uso intensivo do solo, ausência de tecnologias
sustentáveis atrelados a ocorrência de geadas foram fatores
determinantes para o decréscimo da produção Paranaense,
naquele período.
No final da década de 70, a cafeicultura perdeu a preferência
do agricultor, cedendo lugar para os grãos, principalmente
soja e trigo.
72
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná
Em meados dos anos 90 surgiu então plantio adensado
do café, sistema que possibilita um aumento da renda do agricultor
através do acréscimo da produtividade. Este foi bem aceito,
refletindo um surto de produção da cultura no estado.
No entanto, não foi o suficiente para evitar a destruição
ocasionada pela geada de 2000, novamente a grande parte
da produção foi perdida e a credibilidade da cultura voltou a
ser baixa.
O mercado do café é controlado pelos países compradores
que geram grandes estoques e possuem um grande poder
de barganha junto aos produtores, dessa maneira a renda do
produtor é reduzida, sendo necessário uma alta eficiência
produtiva
para viabilizar o lucro.
A historia do café, selecionou os produtores desta cultura
de tal forma que quem ainda está neste mercado objetiva
qualidade máxima de seu produto.
Atrelado a esse fator o café possui um complexo sistema
de classificação de grãos, logo o conceito de produtividade
ganha um novo significado, a busca pela qualidade do produto.
Apesar do significativo decréscimo da cultura no estado,
o Paraná é o maior exportador de produtos de café (MDIC,
2004, conforme tabela 3) no complexo agroindustrial brasileiro,
sendo responsável por 50% do café processado que saí do
país.
73
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B.
TABELA 3 - PARTICIPAÇÃO RELATIVA DO COMPLEXO DO CAFÉ
NA AGROINDÚSTRIA BRASIL E PARANÁ (EM US$ 1.000).
Fonte: MDIC/SECEX, 2004 - Dados Trabalhados
Com uma área plantada de 2,2 milhões de hectares, o
Brasil teve uma safra de 28,82 milhões de sacas em 2003/04.
No ano passado, as exportações brasileiras do produto chegaram
a 1,43 milhão de toneladas, com faturamento de U$1,51
bilhão. Os principais destinos forma Estado Unidos, Alemanha,
Itália e Japão. O país detém 28% do mercado mundial
de
café em grão in natura (MAA, 2004).
O complexo paranaense com maior representatividade
nas exportações nacionais, é sem dúvida o cafeeiro
(Figura 16).
74
PRODUTOS 1999 2000 2001 2002 2003
Café não torrado, não
descafeinado, exceto em grão - - - - -
Café torrado, não
descafeinado 230.668,00 322.489,00 387.096,00 676.306,00 1.178.950,00
Café torrado, descafeinado 3.466,00 4.708,00 6.165,00 - 292.375,00
Café solúvel, mesmo
descafeinado
122.230.681,00 110.056.786,00 96.043.939,00 83.597.389,00 107.712.439,00
Outros extratos essenciais e
concentrados de café
11.414.715,00 10.814.349,00 12.185.871,00 11.288.498,00 10.137.830,00
Preparados a base de extrato
concentrado de café
- 81.469,00 22.051,00 78.101,00 113.776,00
Café em grão* 79.391.637,00 38.689.822,00 22.555.628,00 32.034.609,00
46.413.138,00
TOTAL Complexo Café (PR) 213.273.166,00 159.971.623,00 131.202.751,00
127.676.905,00 165.850.565,00
TOTAL Agroindústria (PR) 133.881.529,00 121.281.801,00 108.647.123,00
95.642.296,00 119.437.427,00
TOTAL Agroindústria
Nacional
231.076.371,00 221.858.829,00 204.858.119,00 183.828.124,00 231.833.268,00
Participação na Agroindústria
Brasileira
57,20% 53,90% 51,86% 50,39% 48,93%
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná
FIGURA 16: EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DO COMPLEXO
CAFÉ
Fonte: MDIC/SECEX, 2004 - Dados Trabalhados
Apesar de o Paraná ser responsável por apenas 8% da
produção nacional, metade das exportações de produtos
derivados
do café em todo o Brasil são verificadas no Paraná, estimativa
esta que chama a atenção, uma vez que o Estado não é
o maior produtor da cultura e do produto.
As 100 maiores empresas nacionais mantiveram a sua
participação no mercado interno e são responsáveis
por 61%
do produto distribuído no País. Sudeste e Sul continuam sendo
as regiões com a maior concentração de empresas, com um
total de 331 empresas (72,1% do total). O Paraná possuí 99 empresas,
sendo estas responsáveis por 50% dos produtos exportados
do complexo café no Brasil (ABIC, 2004).
$79 ,3 9
$3 8 ,6 9
$2 2 ,56
$3 2 ,0 3
$4 6 ,4 1
$12 2 ,2 3
$10 7,71
$8 3 ,6 0
$9 6 ,0 4
$110 ,0 6
$2 13 ,2 8
$159 ,9 7
$13 1,2 0 $12 7,6 8
$16 5,8 5
$13 3 ,8 8
$119 ,4 4
$9 5,6 4
$10 8 ,6 5
$12 1,2 8
$-
$50 ,0 0
$10 0 ,0 0
$150 ,0 0
$2 0 0,0 0
$2 50 ,0 0
199 9 2 0 00 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 03
Grãos Solúvel Complexo Café Agroindustria
75
Agroindústria
Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no Brasil e no Paraná
Referências
ABEF, 2004 Associação Brasileira da Indústria Exportadora
de Frango. Disponível em <http://
www.abef.com.br> Acesso em 09 de novembro de
2004.
ABIC, 2004 Associação Brasileira da Indústria de
Café. Disponível em <http://www.abic.com.br> Acesso
em 19 de novembro de 2004.
ABS, 2004 Associação Brasileira de Suinocultores.
Disponível em <http://www.abcs.com.br> Acesso em
11 de novembro de 2004.
APRE, 2004 Associação Paranaense de Empresas de
Base Florestal. Disponível em <http://
www.remad.com.br/revista> Acesso em: 21 de novembro
de 2004
AMARO, A.A. (1987) Agroindústria e desenvolvimento
no Estado de São Paulo: aspectos conceituais.
Relatório de Pesquisa. IEA, n. 31.
AUSTIN, J.E. Agroindustrial project analysis. Critival
desing factors. Baltimore: The Jonh Hopkins
Press/World Bank, 1996.
77
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B.
AVIPAR, Associação de Abatedouros e Produtores
Avícolas do Paraná, 2004. Disponível em
<http://www.sindiavipar.com.br> Acesso em 19 de
novembro de 2004
DAVIS, J., GOLDBERG, R. A Concept of Agribusiness.
Boston: Harvard University: 1957
DELGADO, G. (1985) Capital financeiro e agricultura
no Brasil. São Paulo: Ícone. 240 p.
EMBRAPA, 2004 Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária Disponível em <http://www. embrapabr>
Acesso em 19 de novembro de 2004.
FAO - Food and agriculture organization, 2004. Disponível
em <http://www.fao.org>. Acesso: 03 de novembro
de 2004
FAO - Food and agriculture organization. The agroprocessing
industry and economic development.
Disponível em: <http://www.fao.org> , Acesso em: 15
de julho de 2004
FARINA, E. M. M. Q. Competitividade e Coordenação
de Sistemas Agroindustriais: um ensaio
conceitual. Revista Gestão & Produção, Vol.6,
n.3, December 1999:147-161
FARINA, ELIZABETH & ZYLBERSZTAJN, D. (1998)
coordenadores. A competitividade do agribusiness
brasileiro. Relatório de Pesquisa publica-
78
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná
do em CD-Rom. IPEA/PENSA/USP.
FURTADO, C. Perspectivas da Economia Brasileira.
Rio do Janeiro: BNDES, 2002
GREMAUD, A.; VASCONCELLOS, M.; JÚNIOR, R. Economia
Brasileira Contemporânea. São Paulo:
Editora Atlas, 2002. 625p
GUILHOTO, J.M.; FURTUOSO, M.O., BARROS, G. C. O
Agronegócio na Economia Brasileira 1994 A
1999 CNA - CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA AGRICULTURA.
SET. 2000
HADDAD, P. A Competitividade do Agronegócio Estudo
de Cluster. Agronegócio Brasileiro - Ciência,
Tecnologia e Competitividade CNPq 1999. 73-86p
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
2004. Pesquisa Industrial Anual, 2002. Disponível
em http://www.ibge.gov.br Acesso: 03 de
novembro de 2004
INSTITUTO INOVAÇÃO, 2002: Agronegócios - As oportunidades
continuam. EMBRAPA CENARGEM:
Cenários do ambiente de atuação das organizações
pública de pesquisa, descobrimento e inovação
para o agronegócio brasileiro: 2002 - 2012. Brasília
IPARDES-SENAI, 2000. Panorama, tendências e
competitividade da indústria de alimentos e
de bebidas no Paraná. Disponível em: <http://
79
Boszczowski, A. K.; Borghetti, J.R; Boszczowski, B.
www.pr.gov.br/ipardes/> Acesso em: 3 de novembro
de 2004
KAGEYAMA, A. et al. (1990). O novo padrão agrícola
brasileiro: do complexo rural aos complexos
agroindustriais. In: DELGADO, G. et al. (orgs.).
Agricultura e Políticas Públicas. Brasília: IPEA.
(Relatório, n. 127).
KRUGMAN, P.R.; OBSTFELD, M. Economia Internacional:
Teoria e política. 5ª. Ed. São Paulo: Makron
Books, 2001.
LEITE, N. B. Setor Florestal no Brasil. Rio de Janeiro:
Seminários BNDES- Questão Florestal e o Desenvolvimento,
2003.
LOURENÇO, G.M; IPARDES, 2004. Indústria e comercio
paranaense: panorama em 2004. Análise
conjuntural, V.26, N.5-6. Curitiba - PR p.15-17.
LOURENÇO, G. M. A economia paranaense dos anos
90: um modelo de interpretação. Curitiba: Paraná,
2000.
MAA, Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária,
2004. Disponível em: <http://www.agricultura.
gov.br > , Acesso em: 03 de novembro de2004.
MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio,
2004. Disponível em < http://www. desenvolvimento.
gov.br> Acesso: 03 nov. 2004
80
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná
NEVES, M. F. Sistema Agroindustrial Citrícola:
Um Exemplo de Quase-Integração No Agribusiness
Brasileiro. Dissertação de Mestrado,
F.E.A. - USP. São Paulo, Junho de 1995
NEVES, M. F., 1999 - Um Modelo para Planejamento
de Canais de Distribuição no Setor de Alimentais
- Tese de Doutoramento - Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade. USP, 297 p.
PAULA, S. R., FILHO, P.F. Exportações de Carne de
Frango. Rio de Janeiro: BNDES Setorial, 2003.
PEREIRA, L. B. Consolidação e perspectivas da agroindústria
paranaense ante o mercado externo.
Estudos Econômicos, São Paulo: USP/IPE, v.26,
n.2, p.141-69, mai/ago. 1996
SEAB, Secretaria da Agricultura do Estado do Paraná,
2003. Perfil da Agropecuária Paranaense.
Disponível em <http://www.pr.gov.br/seab> Acesso
em : 10 de novembro de 2004
SEREIA, J.V; NOGUEIRA, J.M; CAMARO, M.R.G 2002.
As exportações paranaenses e a competitividade
do complexo agroindustrial. Rev. Paranaense
desenvolvista - N° 103, p. 45-59 Curitiba - PR.
SINDICARNES, 2004 Sindicato da Indústria de Carnes
e Derivados. Disponível em <http://
www.sindicarnes. com.br> Acesso em 19 de novem-
81
Agroindústria Uma Visão Sistêmica do Setor Produtivo no
Brasil e no Paraná
bro de 2004.
SILVA, C.L; IPARDES, 2004. Estrutura produtiva e de
exportação paranaense, uma contribuição ao
debate sobre competitividade e desenvolvimento:
Análise conjuntural, V.26 N.4-4. Curitiba
- Paraná p. 38
SRB, 2004. Sociedade Rural Brasileira. Disponível em
<http://www.srb.org.br> Acesso em 25 de novembro
de 2004
USDA, 2004 United States Department of Agriculture.
Disponível em <http://www.usda.gov> Acesso
em 01 de novembro de 2004
WAACK, R.; TERRERAN, M. Gestão Tecnológica em
Sistemas Agroindustriais. Agronegócio Brasileiro
- Ciência, Tecnologia e Competitividade CNPq 1999.
88-106p
WTO, 2004 World Trade Organization. <http://
www.wto.org.> Consulta em: 21 de novembro de
2004.
WOSCH, L.F. de O. Perfil das exportações paranaenses
nos anos noventa. Análise Conjuntural, , Curitiba:
IPARDES, v. 23, n. 7-8, p. 11-16, jul/ago. 2001
82